segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Relatividade de Galileu



   A palavra relatividade sempre trás à mente o físico Albert Einstein (1879 – 1955) ou a equação E=mc2, ou a visão de viajantes espaciais retornando ainda jovens após muitos anos de viagem. Isto é, certamente, um merecido tributo ao enorme impacto intelectual – ainda efetivo, após mais de 100 anos – da abordagem que Einstein chamou de teoria da relatividade especial.
   Mas o desenvolvimento da relatividade começou muito antes de Einstein ter nascido e a fórmula E=mc2 foi, na realidade, obtida pela primeira vez, em 1900, por Jules Henri Poincaré[1] (1854 – 1912). É a Galileu Galilei (1564 – 1642) que devemos o princípio fundamental da física conhecido como Princípio da Relatividade.
   Galileu chegou ao princípio da relatividade ao fazer uma analogia do movimento de um navio com o movimento da Terra. Suponha um navio que se move com velocidade constante em relação a uma pessoa imóvel no cais do porto. Se alguém soltar uma esfera de ferro do alto do mastro, onde a esfera irá cair?

Quando o barco se move com uma velocidade constante em relação ao cais, Simplicio observa a esfera, em queda, descrever uma trajetória parabólica. Mas Sagredo e Salviati observam a esfera descrever uma trajetória retilínea ao longo da vertical.

   De acordo com o argumento de Galileu, a esfera está compartilhando do movimento do navio e, consequentemente, cairá exatamente abaixo do ponto de onde foi largada. As observações, feitas posteriormente, confirmaram este argumento.
   Para a pessoa no navio a esfera caiu verticalmente, mas para a pessoa no cais do porto vendo o navio se deslocar; a esfera não caiu verticalmente, porque se ela caísse verticalmente, como o navio está se movendo, ela iria tocar o tombadilho em uma posição bem afastada da base do mastro. Portanto, para o observador no cais do porto, a esfera não se moveu verticalmente.
   Conclusão, a trajetória da esfera, observada do referencial em que ela é abandonada a partir do repouso, é sempre uma linha reta vertical, quando este referencial está em repouso ou se move com uma velocidade horizontal constante em relação a um referencial fixo na superfície da Terra.
   Expressando dessa maneira, o resultado da experiência engloba o princípio da relatividade, pois inclui a ideia de que uma dada lei da natureza (a lei da queda livre) é a mesma em todos os referenciais diferindo apenas por uma dada velocidade horizontal constante.
   O princípio da relatividade é uma afirmação sobre como as leis da natureza podem ser determinadas por observações feitas a partir de diferentes sistemas de referência.

Referencial absoluto de Newton
   Inicialmente, Newton baseou a mecânica nos conceitos absolutos de espaço e tempo. Ele enunciou a primeira lei supondo que ela seria válida em relação a um sistema de coordenadas (referencial) absoluto. Em relação ao qual tudo poderia, em princípio, ser medido.
   Mais tarde verificou-se que não era necessário postular a existência de um referencial absoluto, pois as equações (ou leis) da mecânica newtoniana eram invariantes quando se passa de um referencial inercial para outro usando as transformações de Galileu.


[1] R. A. Martins, A dinâmica relativística antes de Einstein, Rev. Bras. Ensino Fís. vol.27 no.1 S. P. Jan./Mar. 2005.

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